quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

FUTURO?


     Uma taça de cristal vazia, que se ausentara de seu lugar entre as  outras como ela,  vazias e sem uso, deixou um vazio quando foi retirada de seu estático lugar, há muito tempo aquelas taças estavam ali, vazias e sem uso, como eram pouco úteis aquelas taças  pois estavam vazias e sem uso. Eram limpas periodicamente, e para que? Para que nem mesmo a poeira se servisse delas, e lhes dessem utilidade. Talvez existissem só para isso, para serem limpas. Eram pacificamente belas, possivelmente belas, a beleza se hospeda de alguma maneira em nosso íntimo, a beleza é assim como um turista, vem causa agitação e furor, nos encanta com seu encantamento e se vai...E abre-se uma vaga para um novo turista que chega, somos um hotel para belezas, não podemos reter um turista, não devemos reter a beleza ao custo de nos tornarmos meros mantenedores de museu. A taça retirada de seu lugar, foi colocada sobre uma mesa de centro ao lado de uma garrafa com água e ali ficou novamente a espera de alguma utilidade.
A poeira é ubíqua assim como a luz, lembro-me quando criança como me encantava ver a presença de partículas suspensas no ar,  só reveladas quando uma nesga de luz solar entrava por uma pequena fresta, um portal mágico, que lhe dava passagem entre a janela e a cortina, iluminando uma área modesta de minha cama, enquanto o resto do dormitório era tomado por uma luz difusa vinda da translucidez da cortina, e nada revelava de suspenso no ar. Como experimentador  e qual criança saudável não é um experimentador, eu introduzia meu dedo indicador dentro daquela faixa de luz, meu dedo em sua área superior se iluminava intensamente,enquanto na face palmar ficava menos iluminado e uma faixa de sombra surgia e gerava uma sombra projetada na área iluminada sobre a cama, assim eu fazia um eclipse das partículas  suspensas no ar. Luz direta, com poeira, sem luz direta, sem poeira. A luz marca a existência  da poeira e a poeira marca presença da luz. Quando eu fazia movimentos rápidos com a mão sobre a faixa de luz a poeira formava vórtices e esses então denunciavam a presença do ar.
Presumo que no comércio a poeira doméstica não tenha um grande valor, sei que é recolhida em domicílios e utilizada por laboratórios especializados na produção de antígenos que são marcadores imunológicos com finalidades diagnósticas e como mitigadores da sensibilidade individual, os alérgicos em tratamento sabem bem do que estou falando.  
E a luz não tem mercado ou um valor monetário, o que é capaz de gerar luz tem valor, a eletricidade é produto, mas a luz como coisa em si nada vale, compramos o diamante, pagamos caro por ele pois brilha; Quebra e reflete a luz branca em todas as suas cores, mas a luz é de graça. Pagamos pelo aparelho de TV, pagamos pela eletricidade e pela programação que vem pelo cabo, via de regra em impulsos luminosos na base binária, tudo isso transforma-se em luz na tela da televisão, essa luz então se perde, é impossível vende-la em segunda mão, essa luz não tem qualquer valor, perdeu-se pela eternidade, durou apenas um agora.
Mas afinal, poderemos perguntar , o que é o agora? não sei, percebo que não sei dizer o que de fato é o agora, talvez porque o agora apesar de ser tomado como medida de tempo, está completamente fora do tempo, um pintor figurativo poderia levar muitas semanas reproduzindo uma cena, cada pincelada aconteceu em um determinado agora, então a cena retratada não foi um agora, no entanto um primeiro olhar dado por um observador constitui um agora, aquela cena que levou um longo tempo para ser pintada, é vista em um agora. 
O passado é uma equação cujo resultado final é uma incógnita que é aceita como resposta por consenso. Essa equação tem um nome, história. A palavra história deriva de histor que vem do latim e significa juiz, o passado é um juízo que se constrói, uma abordagem uma aproximação do que teria sido o pretérito. O passado é então uma sentença que permite recurso.
 Toda ciência e todo o saber quer o futuro,  conhece e experimenta só o passado, e apenas tolera o presente por ser inapreensível e incognoscível, o agora é uma virtualidade no eixo do tempo, o momento presente é uma fatia estática na curva do tempo, o agora é um marcador de tempo que marca a parada do tempo ou  a ausência do tempo. O presente como realidade alcançável se constitui apenas de espaço.
E o futuro porque não o vejo? Ele está lá, a espreita, ou não, talvez esteja lá me aguardando de braços abertos e eu é que o temo e o espreito pois não confio, não tenho fé no seu bem querer.
Um relógio impecavelmente limpo, registrava que em um minuto, não mais que sessenta segundos, um novo ano se iniciaria. Ocupei-me desse minuto olhando fixamente para a seta do tempo que apontava decidida para o novo , e nesse minuto, por todo esse minuto sustentei a suspensão da minha respiração, talvez querendo que esse minuto jamais acabasse, me enchi de ar como querendo estar cheio de algo, do sopro divino talvez  e viver eternamente,mas a eternidade não é viva, as estatuas são eternas,em bronze, pedra ou gesso, mesmo as de madeira, ou de marfim  que já foram vivos, a eternidade é para aquilo que é imóvel e insensível, os mortos. A paz e plenitude são para os que já foram, dos mortos, dos que tiveram a coragem de renunciar ao sopro divino.  Prendi minha respiração por que  queria sim que esse período sem respirar fosse o suficiente para que eu após a morte, renascesse para um novo  ano, para uma vida renovada mas, se realmente eu quisesse essa transformação na passagem do ano teria que ter prendido a respiração muito antes do ultimo minuto, no entanto, se quer fiquei ofegante quando voltei a respirar.
 Desejei muito, muito, muito mesmo ver o ano que viria, seus contornos, seus picos e vales. Quis  ver o futuro  mas  vi apenas vazio.
Queria estar surdo e cego para não ouvir o ruidoso festejar nos outros lugares próximos a mim, Casas, apartamentos, clubes, salões, hotéis, escritórios, hospitais , imobiliárias, igrejas, praias, sabe-se lá mais  onde pudesse servir de alcova para o encontro furtivo da  vã alegria com o auto engano.  Todas aquelas pessoas fingiam tão bem a felicidade que queriam com ambição desmedida, que me convenceram a esquecer que eu as conhecia  e que com certeza tudo aquilo era mentira, desprovido de valor, vazio.
Olhei novamente a taça vazia, ao seu lado uma garrafa com água, tomo a taça delicadamente com minha mão direita e a coloco contra a luz, admiro a luz sendo quebrada em cores pelos ângulos dos desenhos da lapidação do cristal, aquela taça vazia enche de luzes e cores minha mente,tento em vão identificar todas as cores de espectro visível, as cores são fugidias, revezam-se muito rapidamente,em um caos de impressões e incertezas penso então no vazio cintilante do universo, apesar do ruído no meu entorno, concebo o silêncio do espaço,reconheço o silêncio como uma propriedade do gigantesco hiato inter-sideral, penso nos orientais, que buscam o nada como solução para a angustia de viver, mas mesmo eles não alcançam  tolerar o nada, eles fazem aquele som gutural em baixa frequência como companhia em suas meditações e o chamam de OM. Nesse momento tenho um surto de deboche e com ironia decido verter água na taça, dizendo: Vamos colocar um pouco de um nada vibracional no vazio, vou preencher o vazio de nada.
A garrafa inclina-se lentamente, e de modo firme e consciente é sustentada por minha mão direita, sinto o peso e o desequilíbrio do momento , observo a linha d'água como um nível de pedreiro, minha vontade  é preencher o vazio da taça até sua borda. O ruído no meu entorno é muito elevado, as pessoas estão ocupadas preenchendo o vazio da existência com estrondos e luzes coloridas. Uma potente bomba se sobrepõem a todas as demais num vibrante estouro, por um momento perco o foco de minha atenção e há um transbordamento. Me irrito por um momento, mas não desisto...
Esgoto a água enxugo a taças, que novamente está vazia e volto ao princípio. desta vez consigo, a taça está completamente cheia, perfeitamente cheia em  plenitude hídrica, no entanto sei que se eu fizer qualquer movimento...
Prendo novamente a respiração para evitar vibrações, estou ali parado olhando para aquela taça completamente cheia de água, sem respirar olho para a água dentro da taça e nada vejo, sua transparecia me confunde , as bombas quase pararam de estourar e eu paralisados por aquela inútil situação, me julgo um tolo por levar tão longe o meu desejo de plenitude, solto o ar de meus pulmões e  para terminar com tudo aquilo bebo em um gole uma porção de água, e com isso abaixo o nível de água na taça, ao preencher minha boca com água, tenho a percepção de ter recebido mais do mesmo, daquilo que sempre tive, e que em nada me acrescentou não fiquei feliz por ter tomado água e me transporto para há muitos anos, sentado em uma carteira escolar, quando a professora do curso elementar regia seu coral de desanimados e desafinados alunos repetindo varias vezes: Incolor, inodora e insípida.  
Mas o ar também tem as mesmas propriedades físicas? incolor, inodoro e insípido.
Aquela taça esteve o tempo todo cheia de ar, jamais estivera vazia, agora tinha duas fases uma aérea e uma aquosa, e ambas incolores inodoras e insípidas , no entanto, agora sim posso perceber que há algo na taça, pois a tensão superficial entre ambos, ar e água revela a presença de algo para meus sentidos sempre famintos por estímulos a  água e o ar são desprovidos de qualidades intrínsecas que revele sua presença, os percebemos pelo espaço que ocupam ou pela diferenças de temperatura com nosso meio interno  e apesar de vitais, e presentes são vazios de marcadores.
Meus sentidos precisavam ser estimulados, alguma presença deveria apresentar-se em minha consciência, aquela intangibilidade estava apenas intensificando a minha sensação de solidão.
Acendo um charuto, sempre tenho um charuto para esses momentos, a solidão se afasta com a fumaça de um bom charuto assim como os insetos voadores. vou até o bar e pego no climatizador, alguns chamam de adega, mas adega é outra coisa; Uma champagne, ponho-a na geladeira, preciso de algo que de fato me faça alcançar alguma percepção de prazer. Quero-a bem gelada.
Meu celular está desligado, penso em dar alguns telefonemas de congratulações pelo ano que se inicia , mas desisto, vou me manter fora do mundo.
Enquanto gela a bebida vou até a prateleira de meu escritório e peguei um livro , um livro qualquer, contei com o acaso,dizem que nada é ao acaso, veremos; Para minha surpresa tratava-se de uma Bíblia, frustrei-me, esperava algo menos nobre, algo com mais aparência de auto ajuda, mas se me propus a enfrentar o acaso vamos lá.
Reagi a vontade cômoda de abrir o livro em uma página qualquer contando com a sincronicidade, assim então não abri a Bíblia desta forma em busca de algum ensinamento redentor,  mas comecei do começo; Gênesis 1:1 NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA. Leio a mesma frase por cinco ou seis vezes, algo nela me instiga, nunca antes tinha parado para pensar nessa frase.
No princípio?A palavra princípio no versículo significa o que? início, começo; ou significaria essência? E se no principio significar apenas e no começo?
Sempre há algo antes de qualquer começo; Há necessariamente uma decisão, então teríamos implícito que: {E Deus decidiu Criar e...} No princípio criou Deus...
No entanto,as decisões são sempre precedidas de dúvidas, e as dúvidas derivam de desejos e o desejo é o vazio que nos move. Mas tudo isso é incompatível com Deus, pois não há dúvida ou vazio possíveis em Deus.
Deus não tem desejos ou qualquer carência que solicite uma decisão reparadora. Deus não se angustia. 
Então poderíamos ter, se substituíssemos NO PRINCÍPIO por "sobre a essência" ; criou Deus os Céus e a terra. Mas qual essência? Penso na existência então imanente de Deus. No princípio Deus imana mas não transcende ainda, só transcenderá quando o tempo passar a ter presença ,  Ora, então Deus está no eterno agora.
Que maneira heterodoxa de começar um ano? Gênesis 1:1.
Como é vasta a grandeza de iniciar, o grande e o pequeno unidos, o visível e o invisível.

De repente sou tirado desse meu pensar por alguém que acordou mais tarde , ou não, alguém que antecipou a nascer do sol, o surgir do primeiro dia do novo ano, alguém que no silêncio do bombardeio resolve colher de seu estoque de imprevistos o pai de todos os morteiros, que pareceu ter sido detonado em meu colo. Apesar do susto vindo de tão eloquente alarme, dou uma gargalhada... Que barulhão? Deve ter sido de quando, no princípio Deus criou o som. Continuo a rir e quanto mais eu riu mais quero rir e desse rir surgem lagrimas em meus olhos e as lagrimas de abundantes alcançam meus lábios e deles a minha língua que as  recolhe  e as reconhecem como salgadas.
Essa percepção faz com que eu consiga me controlar e parar o riso, o sabor destas lágrimas me remeteram a um paradoxo, pois um susto me leva ao riso e o riso às lágrimas que tradicionalmente lembram tristeza.
Vou até a geladeira verificar se a champagne esta gelando e noto que vai demorar ainda, perco a paciência e mesmo não sendo correto a coloco no congelador, já tive dissabores anteriores com essa solução, mas quero beber uma champagne gelada ainda nesta madrugada.
Vou até a prateleira onde estão os meus CDs em busca de música, e no entanto encontro memórias, eu costumo evitar essa aproximação com capas de CDs pois sempre uma lembrança me colhe e me impacta. Essa é uma vantagem do aleatório que as novas tecnologias nos oferecem, um pendrive milhares de musicas e nenhuma decisão a ser tomada, tudo é automático, viver está se tornando cada vez mais a ausência do risco.
Entre tantas opções encontro uma gravação de Vinícius ,Toquinho e Betânia, em uma casa de shows de nome "LA FUZA" em Buenos Aires  nos dias 25 e 26 de janeiro de 1971.
Vou ouvindo as músicas em sua sequência enquanto olho pela janela, ainda pensando sobre a alegria risonha de um susto e as lágrimas que surgem de uma gargalhada e a tristeza que podemos experimentar disso. Começa a quinta faixa: O samba da benção.
Após uma breve explicação sobre o samba que será cantado, feita em espanhol com um sotaque tão intenso que duvido que algum argentino tenha entendido alguma coisa, ouve-se a voz do grande poeta Vinícius de Moraes cantando :"É melhor ser alegre do que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe , é assim como a luz no coração..."  E completa a idéia;          " Mas para fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza senão não se faz um samba não..."
Apaguei o charuto. Sai da janela sentei-me e desliguei-me da música como se o vazio do silêncio absoluto reinasse e meditei no sentido de orientei o meu espírito, de pronto sem excitação, prescrevi um tratamento, uma cura para mim mesmo.
Uma taça vazia não está vazia, esta cheia de ar, que é incolor, inodoro , e insípido, se completamos com água temos algo ainda com as mesmas propriedades,apenas um pouco mais denso, mas não há diferença quanto ao estímulo que nos causa, são essenciais, são o princípio mesmo de nossa criação, não há vida possível sem o essencial, mas são tão fundamentais e básicos que passam a não ser perceptíveis aos nossos sentidos para a constituição de nossas vidas.
A neutralidade artesanal da existência, que inicia-se com um Deus que é causa de si mesmo e que só é concebível  na textura da própria origem, em uma eternidade que respira, pulsa em luzes e sombras, cíclicas e eternas, está sempre no momento presente, no agora em absoluta plenitude. Não há vazio possível no universo, a apenas o perceptível e o imperceptível, há aquilo que valorizamos pois nos da algum tipo de recompensa e chamamos de bom e há aquilo que chamamos de inútil mau perverso, e que sentimos como  vazio.
Quando olhamos para o ano novo, o futuro além do ano novo, e o futuro além de nossa própria existência nada vemos mas está lá, não vemos pois não tem o formato que nos agrada, está ali com as mesmas propriedades físicas da água ou do ar.
A cegueira irremediável para onde nossos sentidos nos arrastam, não é necessária, mas é cômoda, não há marcadores conhecidos e confiáveis para o futuro, miríades de seres vivos racionais ou não estão se digladiando no  inferno do apetite, nós seres humanos com consciência do que nos apetece, outras criaturas nem isso, todos querendo o que vêem, para atender a um vazio que de fato não existe.
O poeta em sua sabedoria diz que o vazio nos entristece e a tristeza é desagradável e feia e portanto é necessário que a usemos como matéria prima para a construção do belo, fazemos o belo e com o belo que podemos ver ou ouvir ou de alguma maneira perceber a tenção superficial entre a tristeza e a esperança. Mas o que esperar tal esperança?  
 Que o belo será eterno, e se eterno, de  plenitude infindável. O próprio Vinicius de Moraes nos diz em seu "Soneto de Fidelidade" que o amor não seja imortal [...] mas que seja infinito enquanto dure.
Há os que  sustentam suas tristezas e vazios e conservam-se sempre em um estado de  futuro lutando uma luta inglória quixotesca contra supostos desequilíbrios e pensam que assim estão construindo um advir sustentável e consciente, no entanto parece que isso é lutar contra o invisível, o futuro já está lá e se imporá de qualquer maneira e o que de fato estão a fazer é não se integrarem ao futuro pois o futuro não é individual, é coletivo todos estamos nele e integrados a ele, só não o vemos, não há marcadores para o futuro.  
Olhando fixamente para a taça agora com a champagne e penso  sobre sua cor, observo o chamado menisco, a quantidade de gás, seu aroma instigante, floral remetendo a perfumes que não fizeram parte de sua composição mas ali estão, quanta coisa está ali, quanto passado concentrado em um pequeno volume? AAH! A inutilidade da ambição, sentimento que sempre nos trai com a esperança de uma plenitude que não se realiza e com o calote da felicidade que nunca é entregue. Mas que tolo sou eu,a ambição é um tema para acaloradas debates de inverno ao entorno de uma mesa perto de uma lareira, regado por um Nero D'avola da região de Siracusa, o helenismo impregnado no solo de Siracusa com certeza esta presente em seu vinho e inspirará qualquer especulação, e ao fundo as suítes de Bach para violoncelo pois a Europa central é indispensável em um tema como esse. Mas nesse momento estou no implacável verão tropical e só uma francesa gelada, poderá me fazer companhia.
  Taça após taça vou me anestesiando, entremeando os meus ressentimentos de homem posto compulsoriamente na solidão e a "Filha de Pèrignon" que suavemente como mulher sedutora e libidinosa  já começa a me fazer ceder ...  Ao tempo em que seu espírito circula pelo meu sangue ,e  as festividades prosseguem mundo afora na abertura de uma nova caixa de pandora.

O novo ano ri-se de mim de minha incompetência para vê-lo. Ri-se o futuro de minha sequência  inexorável de imprudências previsíveis e negligenciadas, lutando contra aquilo que é em si mesmo e me quer assim como sou.  Vou pouco a pouco me transformando com dor e sofrimento desnecessários, vou amalgamando o agora em história. 

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