sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Chá com a loucura



Vamos pensar o impensável, vamos nos iludir e imaginar que o impossível passe a ser o possível, então assim pensado, vamos reunir todos os sentimentos.
Reunir todos os sentimentos é coisa difícil, precisamos de um alguém imaginativo mas muito forte para fazê-lo, a única condição que eu conheço capaz de reunir todos os sentimentos de uma só vez é a loucura, pois se é de imaginação que precisamos, nada mais imaginativo que a loucura.
Querendo um lugar, a loucura imaginou um grande jardim, um mundo gigante mas sem o tempo, pois frágeis e instáveis que são os sentimento, é o tempo seu maior inimigo, todos eles se transformam no tempo , então a loucura imaginou sem tempo esse lugar, queria todos os sentimentos estáveis.
A loucura então se incumbe da tarefa e determina que sejam confeccionados convites para um chá comemorativo, e bem ao gosto dos sentimentos serão servidos chá de engano e biscoitos de imprudência.
Vieram todos.
A certa altura a loucura , posto que é próprio dela , pensou em criar um jogo, um jogo que agradasse todos os convivas. O que faz melhor um sentimento? Oculta-se, o disfarce e a dissimulação é a atividade preferida dos sentimentos, então  circundada por todos a loucura propõem  -- VAMOS BRINCAR DE ESCONDE-ESCONDE!  Jogo que só a sabedoria da loucura poderia engendrar para a alegrias daqueles sentimentos protegidos pela ausência do tempo.
O que é ? Pergunta a curiosidade
Eu conto até 100 e vocês se escondem, quando tiver terminado de contar, começo a procurá-los, o primeiro a ser encontrado será o próximo a contar.
Todos aceitaram brincar, menos o medo e a preguiça que ficaram a observar  distanciados.
1---2---3 a loucura começou a contar.
A pressa se escondeu primeiro,  daquele jeito... como deu. A timidez hesitante e tremula como sempre se escondeu em um grupo de arvores para ter certeza de estar bem oculta.
A alegria correu saltitante pelo jardim sem se preocupar com um verdadeiro e adequado esconderijo, a tristeza começou a chorar,  por não encontrar o lugar perfeito para se esconder... A inveja obviamente se uniu ao orgulho, e ambos procuraram o que parecia mais seguro, e se ocultaram atrás de uma dura e gélida pedra.
A loucura prosseguia a conta enquanto seu convidados se escondiam, o desespero estava inconformado  vendo que a conta estava em 99... 100 grita a loucura... Agora vou procura-los.
A primeira a ser encontrada foi a curiosidade pois não conseguiu impedir-se de sair para saber quem seria o primeiro a ser descoberto. Olhando para o lado a loucura viu a insegurança indo para lá e para cá ainda sem saber onde ocultar-se. E assim um após o outro foram todos descobertos. A alegria a tristeza, a timidez e todos os demais. Quando todos se reencontraram a curiosidade perguntou. Onde está o amor? Ninguém o havia visto e o jogo não poderia ser considerado terminado se todos os participantes não fossem encontrados, como todo aquele lugar era a imaginação da loucura, e só ela poderia encontrar aonde se escondera o amor. Procurou encima de uma montanha, ao longo de um rio, sob as rochas. mas do amor nenhum traço, vasculhando em cada lugar de si, a loucura se lembrou de uma roseira presa a um pedaço de madeira entre ramos espinhosos, somente ali, entre rosas poderia ocultar-se o amor, e então naquele lugar sem tempo, um gemido profundamente doloroso ouviu a loucura . Era o amor que sofria terrivelmente pois espinhos haviam ferido seus olhos.
A loucura não sabia o que fazer, se desculpou por ter inventado uma brincadeira tão tola, não sabia que o amor não consegue esconder-se sem se ferir e implorou ao amor seu perdão, a comoção da loucura foi de tal ordem que todo o lugar desapareceu e o tempo voltou, os sentimentos dispersaram, mas ficaram ali, no nada, o amor e a loucura. Dado o aconchego que o amor recebia da loucura, conformou-se e aceitou suas desculpas tão sinceras e a partir de então o amor é cego e a loucura seu guia.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Insônia


Tudo na insônia  mente.
tropeço no que penso
meço o extenso e
novamente penso
   mentalmente

Na insônia o corpo mente
sente tremores 
quando está quente
     corporalmente

Mesmo ao espírito do crente 
a insônia mente crua deliberada e
           fielmente

Se uma pétala cai sobre o gramado
è o suficiente, estou acordado,
mente-me a minha mente novamente
   repetida mente

Mente minha mente ao desejo
que deseja um objeto que existe mas não vejo
       cega e infeliz...  mente.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O quem ausente














Nos livros texto e nas aulas teóricas, fui sendo apresentado às síndromes e doenças, já nas aulas práticas, os processos físico-químicos, fisiopatológicos e anatomopatológicos do adoecer, e assim  entre o quando o que e o como, uma grande horda de males a serem enfrentados e vencidos foram criando, um espaço delirante, uma espécie de "guerra nas estrelas". Uma rica fauna de perversos microorganismos, de moléculas alteradas e de proteínas maliciosas, entre outros tantos personagens, eram os inimigos, os soldados de um Darth Vader que respondia pelo nome geral; Doença, e isso acontecia em um onde, o corpo de alguém, um ninguém qualquer. Um grande arsenal de poderosos armamentos, venenos, irradiações atômicas, irradiações magnéticas, irradiações ultrasônicas , e através de incisões, invadir o alguém e buscar o inimigo onde quer que ele estivesse e destruí-lo, achei então novamente o como. E assim preparado e bem preparado fui até o hospital em busca de doenças para conhecê-las pessoalmente e então...
Sentei-me ao lado do leito de um alguém internado, vi alguns sinais superficiais e não vi nada além de um doente mas onde estava a doença então? Não a reconheci, mesmo possuindo o quando, onde, o como e o porque não notara que havia um quem. Até aquele momento ninguém tinha sequer citado que a afirmação: Alguém está doente, implica na pergunta, quem é o doente? Não apenas qual é o nome do doente. Já vimos todos, pessoa sem doença mas doença sem pessoa nunca vimos, vimos?  E como o mínimo que se espera da relação entre o médico e seu paciente é que apenas um seja o doente eu me perguntei; Essa falta de atenção que fez com que eu não tivesse percepção do quem, seria uma doença?  Curei-me ouvindo os pacientes dizendo quem eram, e o que eram além de sintomas, sem dúvida o melhor dos professores de medicina é o paciente.

Vingança

 
Questa é la mia vendetta, maledetta