Nos livros texto e nas aulas teóricas, fui sendo apresentado
às síndromes e doenças, já nas aulas práticas, os processos físico-químicos, fisiopatológicos
e anatomopatológicos do adoecer, e assim
entre o quando o que e o como, uma grande horda de males a serem
enfrentados e vencidos foram criando, um espaço delirante, uma espécie de
"guerra nas estrelas". Uma rica fauna de perversos microorganismos,
de moléculas alteradas e de proteínas maliciosas, entre outros tantos
personagens, eram os inimigos, os soldados de um Darth Vader que respondia pelo
nome geral; Doença, e isso acontecia em um onde, o corpo de alguém, um ninguém
qualquer. Um grande arsenal de poderosos armamentos, venenos, irradiações
atômicas, irradiações magnéticas, irradiações ultrasônicas , e através de
incisões, invadir o alguém e buscar o inimigo onde quer que ele estivesse e
destruí-lo, achei então novamente o como. E assim preparado e bem preparado fui até o hospital
em busca de doenças para conhecê-las pessoalmente e então...
Sentei-me ao lado do leito de um alguém internado, vi alguns
sinais superficiais e não vi nada além de um doente mas onde estava a doença
então? Não a reconheci, mesmo possuindo o quando, onde, o como e o porque não
notara que havia um quem. Até aquele momento ninguém tinha sequer citado que a
afirmação: Alguém está doente, implica na pergunta, quem é o doente? Não apenas
qual é o nome do doente. Já vimos todos, pessoa sem doença mas doença sem
pessoa nunca vimos, vimos? E como o mínimo
que se espera da relação entre o médico e seu paciente é que apenas um seja o
doente eu me perguntei; Essa falta de atenção que fez com que eu não tivesse
percepção do quem, seria uma doença? Curei-me ouvindo os pacientes dizendo quem eram, e o que eram além de sintomas, sem dúvida o melhor dos professores de medicina é o paciente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário