sábado, 2 de março de 2013

Menino



O poeta quando ainda menino,
apaixonou-se pela caolha do lábio leporino.
E só para ela era seu pensamento peregrino.
Via-se para sempre ao lado daquela que era seu destino.

Os comentários jocosos sobre a donzela,
não abalavam seu amor, a tomava por bela.
Ao acordar certo dia a inspiração revela...
Assim como Eva de Adão; aquela era sua costela.

Seus pais se alarmaram diante do figurino.
Algo deve ser feito é cristalino.
Sem alternativa os pais deram lhe um natalino,
Ficar atrás das grades algum tempo como inquilino

Na solidão do claustro é que se é honesto.
Não havia na figura nenhuma mazela,
então gritava seu coração em protesto.
De seu cativeiro via-se a praça por uma janela.

Naquela manhã de sua prisão, todo mofino,
olhou a praça e agradeceu ao divino.
Iluminada pelo dourado do sol matutino,
vinha seu amor em claudicante andar anserino

Manquejava também, mas com hirteza.
Ela o amaria muito era sua certeza.
Então ficou pálido; Foi uma surpresa.
Tudo desmorona; E´levado para a tristeza

A beijou aquele que confirmaria ser seu concubino,
alto e forte de cavanhaque hircino.
Ele esquálido e imberbe feito um pepino.
Chorou triste vencido por um paladino.

Dirigiu-se aos pais todo congesto
E foi liberado de sua cela.
Anorexia foi o seu protesto.
Até superar aquela gambela.

Fora enganado em sua pureza.
Da sua reputação foi feita defesa.
Seus sentimentos ficaram na pobreza,
enquanto os pais calaram-se a francesa

Hoje tem um moustache latino
Mora em um lar londrino.
Escreve e dedica-se ao ensino.
Comete poemas para continuar menino.